terça-feira, 30 de outubro de 2012

Gestão de Estoques



A gestão dos estoques é um relevante item dentro do Capital de Giro e precisa ser analisado. Ainda que essa área não seja de responsabilidade direta da administração financeira, essa deve estar à parte de suas particularidades, visto que os estoques são os investimentos menos líquidos do Ativo Circulante e que acarretam em custos consideráveis às organizações, especialmente às industriais.

O estoque é um investimento e o gestor financeiro precisa estar atento ao seu nível, analisando-o constantemente sob a ótica do custo/benefício, para que os estoques não faltem (ocasionando perda de vendas), tampouco sejam conservados em altos níveis (aumentando os custos de conservação).
Os estoques formam uma das variedades de investimentos de recursos pelas empresas, podendo representar elevada proporção dos ativos totais.


Os estoques são materiais, mercadorias ou produtos que são fisicamente mantidos disponíveis pela empresa, com expectativa de ingresso no ciclo de produção, de seguir seu curso produtivo normal, ou de serem comercializados (ASSAF NETO, 2003).

Para estabelecer os níveis desejados de estoques, é imprescindível ter uma noção em relação à previsão das vendas. Dependendo do montante que a empresa programa vender em um determinado período, serão determinados os níveis de estoque, ou seja, o que é necessário manter na empresa para assegurar as vendas programadas.

Todos os departamentos da empresa podem se utilizar das informações para programar as atividades. Quando remetemos à gerencia dos estoques, remete-se aqui à íntima relação entre o departamento de compras e finanças. O departamento de compras busca comprar bem, mesmo que em grandes lotes. A administração financeira busca um equilíbrio, pois considera estoques como um investimento do Ativo Circulante, que gera custos, benefícios e, principalmente, tem o menor índice de liquidez de todos os itens do circulante.

Antes de adentrarmos na análise custo/benefício do investimento em estoques, é importante saber que eles podem ser classificados da seguinte maneira:

  • matérias-primas – itens adquiridos pela organização para uso na elaboração de seus produtos;
  • produtos em elaboração –  itens que estão passando pelo processo de produção; e
  • produtos acabados – itens que foram produzidos e ainda não foram vendidos.

Pode-se entender estoques como amortecedores das entradas e saídas dos processos de comercialização (produtos acabados) e produção (matérias-primas e produtos em elaboração). Assim, os estoques podem diminuir os efeitos de erros de planejamento e variações inesperadas de oferta e demanda, bem como ajudar a isolar ou diminuir a interdependência de todas as partes da organização.

Assaf Neto e Silva (1997) indicam algumas causas da existência de estoques:

  • evita a interrupção no fluxo de produção – os estoques asseguram que interferências no fornecimento de matéria-prima não prejudicarão o fluxo das atividades até a resolução do problema. Se a produção dependesse diretamente da entrega do fornecedor, esta passaria à dependência dos prazos acordados;
  • características econômicas particulares de cada setor – em alguns setores, a produção encontra-se concentrada em determinadas épocas do ano, enquanto a demanda está distribuída ao longo do ano, a organização não consegue uma saída para os seus produtos na mesma proporção da oferta. O contrário também justifica a conservação dos estoques;
  • perspectiva de aumento imediato do preço do produto – nesse caso admite-se que o ganho obtido por adquirir na pré-alta mais que compense os custos de estocagem;
  • proteção contra perdas inflacionárias – esse fato é evidenciado quando o mercado de capitais não se encontra plenamente desenvolvido e as alternativas de investimento não são adequadas; e
  • a política de vendas do fornecedor – quando recebe descontos dos fornecedores para adquirir maior quantidade de matéria-prima, o administrador é incentivado a ter maior comprometimento de recursos em estoques.

Conservar estoques em uma organização acarreta em inúmeros custos que precisam ser avaliados, para que recursos financeiros não sejam desperdiçados nesse tipo de investimento. Os custos de estoques mais relevantes, segundo Matias (2007) são:

  • custo de estocagem – considera o custo do capital investido (custo de oportunidade); o custo de armazenagem e manuseio; gastos com seguro, impostos, depreciação e obsolescência;
  • custo de encomenda, embarque e recepção – refere-se aos custos de pedidos; custos de embarque e manuseio (incluindo despesas alfandegárias e movimentação de estoques dentro da organização);
  • custo de insuficiência de estoques – diz respeito à perda de vendas, à insatisfação do cliente e à ruptura do cronograma de produção; 
  • custo de qualidade – considera as falhas e inconformidades, as trocas em garantias e assistência técnica, a imagem e a reputação da empresa, assim como o tempo ocioso.

Enquanto os custos de estocagem, de encomenda, embarque e recepção e os custos de qualidade são fáceis de mensurar, os custos de insuficiência de estoque precisam de uma análise mais profunda, já que as perdas que a organização adquire por não ter o estoque adequado ao momento são subjetivas.

O objetivo é estipular uma quantidade de estoque que não exceda o necessário, sob pena de elevação de custo; e que não falte, para que não haja interrupção do processo produtivo ou até mesmo perda de vendas. Sanvicente (1987) afirma que o volume de estoques mantido por uma empresa dependerá:

  • da disponibilidade dos itens necessários, isto é, da velocidade com que podem ser adquiridos; quanto mais acessível, menor deverá ser o estoque e vice-versa;

  • da duração do ciclo de produção no caso de empresa industrial; quanto mais longo o ciclo, maior a necessidade de estoques de matéria-prima e produção em andamento;

  • dos hábitos de compra dos clientes, pois maior previsibilidade de encomendas permite a redução relativa dos investimentos em estoques;

da durabilidade dos itens estocados, caso sejam perecíveis ou deterioráveis, ou caso a situação do item estocado esteja sujeita a mudanças rápidas de estilo ou moda. Nos dois casos, manter estoques elevados não é aconselhável, tendo em vista que o risco de perda total do investimento é excessivamente alto. Os estoques estão sujeitos a ação e planejamento de outras áreas da Administração, como vendas, produção, logística e materiais (compras).

Os executivos responsáveis por essas áreas normalmente têm opiniões divergentes quanto aos níveis apropriados de estoque. Cada um tem um ponto de vista dos níveis de estoque em função de seus próprios objetivos. Gitman (2002) afirma que a disposição do gerente financeiro é no sentido de manter estoques em níveis baixos, garantindo que o dinheiro da empresa não esteja sendo investido em excesso em estoques. Já o gerente de marketing tem interesse por grandes estoques de produtos acabados, visto que dessa forma todos os pedidos seriam atendidos rapidamente e não haveria perda de vendas por escassez de produtos. O gerente de produção busca assegurar o processo produtivo, para que haja nível adequado de produtos acabados com qualidade a custos baixos. Para tanto, tal gerente se beneficia de níveis altos de estoques de matérias-primas, o que evita atrasos na produção, além da fabricação de grandes lotes, diminuindo os custos unitários de produção. Já o gerente de compras se preocupa basicamente com o estoque de matérias-primas, sendo sua responsabilidade garantir o atendimento da produção em quantidades adequadas, nos prazos desejados e a preços favoráveis.

Entretanto, pelo grande volume de recursos aplicados em itens de baixa liquidez, as empresas buscam alta rotação em seus estoques como forma de elevar sua rentabilidade e contribuir para a conservação de sua liquidez.

Baseando-se nessa lógica, é possível identificar dois principais objetivos na administração de estoques de uma organização:

  • objetivo imediato – diminuir as necessidades de Capital de Giro associadas ao nível de estoques; e
  • objetivo a longo prazo – desenvolver um conjunto de técnicas que facilitem a gestão de estoques em fundamentos sólidos e contínuos.
Assim, com a finalidade de otimizar os recursos investidos na conta Estoques e promover a sua rotação, os gestores dispõem de várias técnicas de controle de estoque. Dentre as utilizadas no planejamento e controle de estoque, destacam-se o sistema ABC, o Lote Econômico de Compra (LEC), o Ponto de Reencomenda e o sistema Just-in-Time (JIT).

Fonte: http://www2.videolivraria.com.br/pdfs/14625.pdf

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