
O tema foi apresentado em congresso por Juvenal Luiz Pompeo Mome e Cyro Laurenza, ambos engenheiros do comitê ferroviário da SAE Brasil – associação sem fins lucrativos que congrega pessoas físicas (engenheiros, técnicos e executivos) unidas pela missão comum de disseminar técnicas e conhecimentos relativos à tecnologia da mobilidade. A entidade é filiada à SAE International, com base nos Estados Unidos, e já contou com Henry Ford, Thomas Edison e Orville Wright entre seus integrantes.
A preocupação dos dois estudiosos é a recuperação – ao menos – dos debates sobre o tema. A ideia central é de que já passamos muito tempo sem investir em um meio de transporte menos poluidor, mais silencioso, confortável, rápido e à prova de congestionamentos. “Podemos citar um pequeno exemplo: o corredor São Paulo-Jundiaí-Campinas é percorrido por muitos ônibus e automóveis, em ambas as direções. Podemos ver que, fora do horário de pico (ou mesmo durante), temos vários ônibus trafegando com lotação parcial. Ou pior, automóveis viajando com somente uma pessoa”, lembra Mome.
Uma informação alarmante, trazida por Laurenza, é a de que o volume de passageiros que viajam por ônibus intermunicipais no estado de São Paulo – sem contar as viagens da região metropolitana – é praticamente o mesmo transportado da mesma forma em todo o território dos Estados Unidos. “Fazer novas rodovias, que ocupam um espaço imenso do nosso ambiente, é desejável? Evidente que não. A vantagem de se abrir vias novas para ferrovias é a de se pensar no futuro, sabendo que a ocupação territorial é mais modesta e menos perniciosa ao ecossistema”, ressalta Laurenza.
O fato de contarmos apenas com linhas antigas, de maioria singela e com curvas para baixas velocidades, aumenta ainda mais as dificuldades para um primeiro passo no caminho dos trens regionais. Mome elenca algumas modificações que poderiam ser feitas na malha atual: trocas de trilhos por perfis mais pesados, retificação de trechos com maior inclinação, aumento dos raios de curva ou desvio para vias mais retas, acerto de lastro, dormentes e fixação, melhorias na drenagem e reforço de pontes e túneis.
A partir da garantia do direito de passagem, mesmo nas linhas singelas, haveria possibilidade de revezar trens de passageiros e de carga, segundo Mome. “Isso deve ser feito com sinalização, horários e conservação adequada. Vale lembrar que isso já era feito desde o século passado em todo país”, lembra. “O congestionamento de nossas cidades e periferias, das nossas estradas, o tempo precioso que nós gastamos para chegar ao nosso destino, demonstra a necessidade de restaurar nosso sistema ferroviário de passageiros. Ou a carga é mais importante do que o passageiro? Não podemos esquecer de que quem produz a carga são esses passageiros”, conclui Cyro Laurenza.
Fonte: http://transporteelogistica.terra.com.br
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